Título: Paper Mario Sticker Star
Produtora: Intelligent Systems
Publicadora: Nintendo
Data de Lançamento: 7 Dezembro 2012 (Europa)
Anunciado já em 2010, na altura em que a Nintendo explicou ao mundo qual seria a sucessora da Nintendo DS, só dois anos depois é que o quarto título de "Paper Mario" chegou a nós. Com origem na velhinha Nintendo 64, as aventuras de Mario por mundos feitos de papel continuaram em todas as gerações da consola caseira, com "The Thousand-Year Door" para a GameCube e "Super Paper Mario" para a Wii. Mas com "Sticker Star" a Intelligent Systems teve a cargo a tarefa de transpor este mundo para uma consola portátil que possuí poderes mágicos de 3D sem óculos. Uma tarefa algo difícil, mas bem sucedida.
O trio do costume, o rapto do costume.
História: A história de "Sticker Star" é muito despretensiosa, fornecendo apenas o mote básico para colocar Mario na clássica demanda pela sempre-raptada Princesa Peach, estabelecendo um mundo feito de papel cheio de humor e personagens loucas, bem ao estilo do universo criado por Shigeru Miyamoto.
Durante a Sticker Fest anual, que celebra a noite da passagem do Sticker Comet, Bowser decide tocar no cometa mágico porque ele é mau e tem de ser. Obviamente isso não augura nada de bom e o Sticker Comet parte-se em 6 bocados, Royal Stickers, que se espalham por 6 regiões diferentes do mundo. Como se não bastasse, a Princesa Peach foi raptada, porque é isso que ela costuma fazer. Nisto aparece Kersti, a guardiã real dos 6 Royal Stickers, que é uma coroa prateada. Ela precisa que Mario lhe ajude a viajar pelas diferentes regiões para reaverem os 6 autocolantes reais e, ao mesmo tempo, salvar a Princesa Peach das garras do Bowser!
Afinal está tudo tão pacífico, onde andam os Goombas?
Se uma narrativa simples como esta não vos convenceu, é porque esperavam demasiado de um jogo como "Paper Mario", mas ainda assim acho que vale a pena embarcar na aventura e assistir aos pequenos momentos que acompanharão a viagem. Alguns dos eventos mais engraçados consistem em ajudar um Wiggler gigante a recuperar todas as partes do seu corpo, ou a corajosa tarefa de desassombrar uma mansão, explorar os pirâmides repletas de passagens secretas, desenrolar uma cidade (de papel) ou simplesmente colecionar stickers e objetos absurdos. São estes os componentes essenciais desta aventura portátil de "Paper Mario", que culminam num simpático e previsível final.
Não vão encontrar um enredo literário, vão encontrar um ambiente divertido e criativo, ao qual apetece regressar.
A alegria de enfiar-se num túnel verde, yay!
Jogabilidade: Os controlos são simples, movimentamos Mario através do analógico, o botão A para saltar, o B para usar o martelo, o botão L para falar com Kersti, o X para abrir o menu onde se encontram os autocolantes, objectos e informações. Por fim, temos o botão Y para aceder a uma das funções mais divertidas do jogo, a função de Paperize, que serve para colar ou descolar elementos no cenário. Colocar uma porta onde não existia uma, mover uma parede para um sítio mais útil ou acrescentar a ponte que nos faltava para passar para a outra margem. E se na maioria das vezes não é difícil perceber o que temos de fazer, noutras tantas estamos perante verdadeiros enigmas de autocolagem! Sendo um dos poderes que recebemos através de Kersti, só o podemos utilizar quando ele está connosco.
Aqui estão os Goombas que procurávamos, todos em linha estratégica.
Quanto à ação, essa é feita de diversas formas. Enquanto caminhamos pelas diferentes áreas as coisas desenrolam-se como num típico jogo de plataforma, tal como tem vindo a ser estabelecido nos vários "Paper Mario": saltos e marteladas são o suficiente para avançar na exploração. Já o contacto com inimigos acontece de outra forma, pois somos transpostos para um combate RPG por turnos, onde os nossos ataques, magias e habilidades correspondem a autocolantes (aqueles que temos de andar a colecionar ao longo da aventura!).
Quanto mais autocolantes tivermos, mais ataques podemos fazer, e se forem mais fortes, melhor, pois Mario depende disso para infligir mais dano, já que não existe nenhum sistema de Level Up ou equipamento. É possível também acrescentar dano ou defesa, bastando sincronizar o botão A com os nossos ataques ou os dos inimigos. Por isso não é só esmurrar o botão A para vencer, como já é habitual em muitos jogos. As batalhas dependem mesmo de uma boa estratégia e o nosso desempenho é recompensado com mais ou menos moedas no final do combate. Quanto mais moedas tivermos, mais autocolantes podemos comprar, o que torna Mario mais forte e preparado para derrotar qualquer Goomba malfeitor que lhe apareça à frente (e não só!).
Numa fase mais avançada, os inimigos mais fracos podem ser derrotados com uma simples martelada, sem entrar em combate, o que dá imenso jeito, tanto para evitar o tédio das batalhas demasiado fáceis, como para poupar autocolantes preciosos.
A missão de Mario é limpar todos os autocolantes
das paredes desta cidade!
E de atirar objectos inusitados contra as paredes!
Como disse há pouco, apesar da forte componente RPG, Mario não sobe de nível, mas o seu HP sim. Para isso é preciso procurar os vários corações +5 espalhados por todo o mundo, bem ao estilo de The Legend of Zelda. Para além disso, cada vez que apanhamos capturamos um dos 6 Royal Stickers, o nosso livro de autocolantes recebe uma nova página, permitindo assim carregar cada vez mais autocolantes importantes.
No todo, o sistema clássico dos combates RPG por turno está presente, só que sob uma forma bastante dissimulada.
O caminho óbvio é para cima!
O mundo de Paper Mario: Sticker Star é composto por níveis dispostos num mapa de papel, num sistema semelhante aos dos jogos da série "Super Mario" principal: temos de completar um nível para aceder ao seguinte. Por sorte, decidiram não fazer o caminho muito linear, havendo bastante liberdade na ordem que escolhemos para passar o jogo. E um nível raramente fica totalmente completo logo da primeira vez, havendo muitos motivos para revisitar tudo de novo.
O jogo é salvo sempre que saímos de um nível, ou então em Save Points em sítios específicos. Para um jogo portátil, em que dependemos de uma bateria e nunca sabemos muito bem quanto tempo vamos ficar a jogar, não sou muito a favor desta restrição nos saves, mas a verdade é que também não tive nenhum problema a esse nível com este jogo, pois existem muitas oportunidades para gravar.
Antes água que outra coisa. Tipo lava.
Bem, se é feita de papel não deve queimar!
Gráficos: Este jogo é mesmo bonito! Não se pode dizer que a qualidade do motor gráfico seja deslumbrante, mas o resultado final funciona muito bem e é isso que interessa. Como não podia deixar de ser, a paleta de cores é bastante viva e colorida, identificando adequadamente o tipo de ambiente que se pode esperar deste jogo. Os cenários foram construídos com muita criatividade e muito papel, ganhando uma profundidade extra através do efeito estereoscópico da consola. Acho que é um dos jogos que mais me agradou em termos de efeito 3D até agora.
Uma ventoinha contra um moinho. Parece-me injusto, para os Goombas.
Um pormenor muito engraçado é o facto de podermos encontrar objectos perfeitamente normais e tridimensionais inseridos num mundo completamente achatado. Esses objectos estão incrivelmente bem renderizados, mas só quando os transformamos em autocolantes é que se tornam verdadeiramente úteis para o jogo. O que se quer é tudo bidimensional, está claro!
Ambiente: Para além da paleta de cores característica e dos cenários de papel, o ambiente é também construído através da banda sonora. Sempre com uma vertente jazz, as músicas deste "Paper Mario: Sticker Star" revelam bastante qualidade, dentro e fora do jogo. Têm tanto de inocente como de humorístico, providenciando sempre um acompanhamento sonoro mais que adequado, sobretudo num jogo de uma consola portátil. Remeteu-me inúmeras vezes para jogos como "Grim Fandango" ou "Sam & Max", o que nunca é mau, mesmo não tenham nada a ver com o género em que se insere "Paper Mario". Infelizmente ainda não lançaram a banda sonora para venda, mas espero que o façam um dia.
O problema de se ser feito de papel. Pobres Toads.
Os Shy Guys não podiam ser mais fofinhos neste jogo!
"Paper Mario: Sticker Star" era um dos títulos que mais aguardava desde o dia em que comprei a minha 3DS. E mesmo que tenha aumentado as minhas expectativas ao longo do tempo, sempre tive a consciência que se tratava de um jogo para uma consola portátil, preparando-me para a eventualidade de ter diversas limitações. Felizmente, nenhuma dessas limitações alterou o prazer que foi jogar este título, pois está recheado de conteúdo divertido e criativo, e proporcionou-me um mês de jogatina intensa (o que não significa que não possa ser mais curto, se forem ainda mais intensos que eu)!
Gostei bastante do sistema de combate e do desafio de dominá-lo, bem como de finalmente poder ter uma experiência de RPG por turnos original, um bem demasiado escasso nas 3DS europeias. Só tenho pena de não haver mais conteúdo pós-jogo, pois apesar de ser permitido voltar para apanhar todos os segredos que nos escaparam, não há grande motivação para o fazer. Por mim bastava terem colocado alguns bosses opcionais secretos, bastante difíceis, e já teria mantido o interesse de melhorar o meu HP e stickers para os derrotar. É esse o principal problema de "Paper Mario: Sticker Star", não fornece grandes motivos para jogar de novo.
Site oficial (Português)
Wikipedia (Inglês)
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