A capa que brilha no escuro.
Mais nobre que o propósito de salvar princesas, é o espírito destemido de um caça-fantasmas. Luigi estava com medo, mas a sua nova aventura aspirou chegar à 3DS.
Título: Luigi's Mansion 2
Produtora: Next Level Games
Publicadora: Nintendo
Data de Lançamento: 28 de Março de 2013Depois de ter experimentado nos protótipos da 3DS uma versão de “Luigi’s Mansion”, aquele antigo sucesso de vendas da saudosa GameCube, Shigeru Miyamoto ficou assombrado com a ideia de fazer uma sequela para a portátil estereoscópica da Nintendo. Mas ainda assim, não foi o suficiente para tornar a produção inteiramente japonesa, como aconteceu com o original. Com a Nintendo EAD ocupadíssima a criar outros títulos, coube à Next Level Games, uma produtora canadiana, a tarefa de pôr Luigi novamente numa mansão fantasmagórica. Depois do trabalho que fizeram nos bem pontuados títulos de “Mario Strikers” e também “Punch-Out!!” para a Wii, tiveram a confiança de Miyamoto para fazer a longa produção de 5 anos que é “Luigi’s Mansion 2”.
"Luigi, preciso que vás àquela mansão assombrada,
colocando a tua vida em perigo. Pode ser?"
Curiosamente, 5 é também o número de mansões que existe no jogo, ao contrário da única e original no primeiro jogo. Uma opção de desenvolvimento que coloca Luigi numa variedade maior de ambientes, um factor importante num jogo de sustos como este. Mas é também um recurso com algumas fragilidades, onde podemos extrair mais forma do que substância. Isto porque a mecânica de jogo é sempre a mesma, quer estejamos na primeira ou na quarta mansão. Uma fragilidade que tenta esconder-se muito bem escondida atrás de tapetes e panos decorativos.
Como sugar um fantasma
O Sugoespectro 5000, ou Poltergust 5000 (o que terá acontecido ao 4000?), é a única arma de defesa de Luigi, e serve para capturar os espetros irrequietos que fugiram do doutor A. Luado (ou E. Gadd). Mas o seu poder de sucção terá de ser utilizado também para puxar todo o tipo de objectos que se encontram pelo cenário. Tudo reage ao vento provocado pelo aspirador de fantasmas, criando uma verdadeira interação com o cenário que nos rodeia. Mas só alguns objetos escondem tesouros, os tais tapetes e panos decorativos que falava.
Não é um paparazzi, é Luigi e o seu flash atordoante!
Contamos ainda com a lâmpada de luz negra, que serve para descobrir coisas invisíveis, tanto fantasmas como outros segredos. Já a utilidade da lâmpada de luz normal é reduzida, ao contrário do que acontecia no jogo da GameCube, onde as salas estavam realmente escuras e era preciso algo para as iluminar. Neste caso, para além de estar sempre ligada, precisamos apenas de recorrer a um flash mais potente para atordoar os fantasmas antes de os sugar. Como a escuridão já não faz parte destas mansões, perdeu-se um dos elementos mais divertidos do jogo original, mas não deixou de ser possível criar ambientes moderadamente tenebrosos.
São estes mecânismos do Sugospectro 5000 que fazem o jogo desenrolar, sem espaço para grande variedade ou novidade. Para um jogo tão reminiscente a “The Legend of Zelda”, podiam muito bem ter recorrido ao sistema de atribuir ferramentas novas por cada masmorra, que trazem consigo uma aprendizagem constante ao longo do jogo e também contribuem para uma re-exploração mais interessante de locais anteriormente visitados. É sempre mais divertido repetir um nível quando podemos fazer coisas novas.
Estes dois fantasmas merecem estar juntos
no aspirador de Luigi.
Mas seria injusto inferiorizar “Luigi’s Mansion 2” por isso. Não pode um jogo ser constante na mecânica oferecida? Há desafios suficientes para testarmos a nossa capacidade em jogar melhor, como por exemplo o quadro de estatísticas e pontuações revelado no final de cada nível. O jogo não peca em evidenciar as nossas proezas, recompensando também os mais exímios e empenhados.
Mas as comparações à GameCube não podem deixar um factor de fora, que é a diferença de controlos disponíveis. Para um jogo que utilizava os dois analógicos do comando da GC, há que dar mérito à forma como conseguiram não recorrer ao Circle Pad Pro neste jogo. O esquema de controlo é eficaz e funciona bem em todas as circunstâncias, sendo um dos aspetos mais agradáveis desta aventura.
Uma característica que já não transitou tão bem para o mundo portátil foi o mecânismo de saves, que só guarda o jogo após completarmos uma missão. Contando com uns 20 minutos por missão, podemos nem sempre estar disponíveis para jogar continuamente durante esse período. É certo que existe o sleep mode, mas isso não abrange um grande número de situações em que somos forçados a desligar a consola, ou o jogo. É compreensível que queiram testar a nossa habilidade de speed-runners, mas estamos a falar de uma consola portátil, convém não esquecer.
Do outro lado, Luigi! Do outro lado!!
O modo multiplayer é também um dos grandes trunfos do jogo, que coloca quatro jogadores em cooperação para atingir diferentes objectivos, sempre em mapas criados aleatoriamente pelo sistema. Uma maneira eficaz de expandir a duração do jogo, e não haverá desculpas para não o utilizar. Para além do modo online com amigos ou desconhecidos, o local-play permite jogar com apenas um cartucho, anulando assim a dificuldade em encontrar outros Luigis com quem jogar. Para os que tiverem adorado a mecânica de jogo, encontram na Torre de Sustos, nome dado ao modo online, um motivo muito forte para continuar a jogar durante muito tempo.
Luigi a evidenciar as suas capacidades decorativas.
Luigi nunca aspirou a herói
A história é semelhante à do jogo anterior em alguns pontos, colocando King Boo novamente no papel de mau da fita e recuperando o humor lunático característico dos jogos Mario. Luigi vê-se obrigado a ajudar o professor A. Luado, uma vez que os seus fantasmas de serviço ficaram descontrolados e decidiram ser uns grandes malandros de novo. Fica bastante evidente que Luigi preferia não se meter nesta aventura, demonstrando a sua cobardia sem grandes medos, mas o professor tem um dom especial para o manipular e forçar a fazer o que for preciso para controlar os fantasmas. No fundo, ele sabe que Luigi tem o potencial de um herói, e é isso que caberá ao jogador provar.
Está na hora de aBUcanhar a comida!
Perceberam?
Perceberam?
Depois de serem recolhidas as 5 partes que constituem a lua sombria, espera-se que a paz seja restaurada. Mas isso terá de ficar para descobrirem, contando que não há muito espaço para surpresas, num jogo destes. Será que Luigi terá de pedir ajuda ao irmão?
O espantoso mundo dos espectros
É fácil concordar que os gráficos de “Luigi’s Mansion 2” possuem uma qualidade que coloca os limites da 3DS à prova, sendo por isso mesmo notórios alguns slowdowns, que em nada afectam a jogabilidade, felizmente. Diria mesmo que o que se nota mais são os momentos em que, por haver um número mais reduzido de elementos no cenário, a frame-rate parece subir. Quer estejamos em modo 3D ou não.
Essa estereoscopia, na verdade, não está muito bem aplicada. Seria de esperar que um jogo first-party, mesmo sendo produzido “por fora”, conseguisse aproveitar bem o principal atrativo da consola, mas não é o caso. Não existe muita motivação para manter o modo 3D ligado, nem sequer uma mecânica qualquer que recorresse a esse modo. Parece que as brincadeiras com a perspectiva em “Super Mario 3D Land” não se irão repetir.
"Juntem-se à minha volta, vou contar-vos uma história...
assustadora!"
Há gelo nesta mansão, estando os motivos ainda por apurar.
A banda sonora, por sua vez, confere um ambiente único ao jogo. O tema inicial ganhou um lugar especial no meu coração, por motivos que ainda não consigo perceber, talvez um misto de nostalgias devido à utilização do sintetizador Moog, um clássico em melodias de terror e paranormal. Já o resto do jogo é sempre acompanhado pela mesma melodia, mas em arranjos bastante diferentes. Uma aposta que arriscaria trazer uma sonoridade repetitiva, monótona e aborrecida, mas que conseguiu invocar a familiariedade envolvente de um leitmotif ao longo de todo o jogo. E a equipa de som não se ficou por aí, estando ainda incluídos outros brilharetes sonoros no jogo. Tal como no jogo da GameCube, Luigi também canta a música de fundo enquanto estamos a jogar, quebrando a quarta parede de uma forma hilariante. É certo e sabido que também o iremos imitar a certa altura.
Luigi encontrou a chave para o sucesso!
Uma sequela espiritual
Num jogo onde o visual está claramente mais valorizado que a substância, é difícil não cair no julgamento de que, bom, pelo menos é bonito! Mas será apenas isso que merece uma sequela de “Luigi’s Mansion”?
Num jogo onde o visual está claramente mais valorizado que a substância, é difícil não cair no julgamento de que, bom, pelo menos é bonito! Mas será apenas isso que merece uma sequela de “Luigi’s Mansion”?
Numa perspectiva de comparação, julgo que merecia muito mais, pois a simplicidade da mecânica de jogo torna a experiência de “Luigi’s Mansion 2” muito fugaz e incompleta.
Mas se, como eu, aguardavam ansiosamente por mais uma aventura de Luigi, de tão poucas que existem, o entertenimento proporcionado será suficiente e uma prova de que o irmão verde pode ser mais divertido que o vermelho.
Wikipedia (Inglês)
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